sábado, 3 de agosto de 2019

Do Desejo ou Crônica do Inevitável


Encontravam-se, face a face, enfim,
e resolveram que se resolveriam
no apartamento dele.
De fato não se conheciam.
Ela o observava nos momentos
de descuido nele: nariz, perfil,
lábios em movimento na fala
que ela não ouvia.
Chamou-lhe especial atenção
as mãos grandes, os dedos
metendo-se no orifício da máquina
a buscar o troco do refrigerante
que não saciaria explícita sede
Ele lhe estendeu aquelas suas mãos.
"Enormes seus lindos dedos." - pensou.
"Se esse cara for um psicopata,
eu estou fodida... Muito bem fodida!"...
Ela tomou as mãos oferecidas; sorriram-se.
Conheciam-se então.
Seguiram juntos misturando-se à multidão...

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