Ele me viu chegando
Por entre as mesas
Slow motion na cena
para um coração acelerado
Me pegou ali mesmo
Junto do balcão
Levantou-me o vestido
E me bebeu
O que queria e fazia
Só em sua imaginação
E eu, longe e serena,
Com minha cerveja
de outra mesa, fria
Olhava e sabia
E nada mais
Pois sem mesas e cervejas
Ou travessias de cenas em longa duração
Eu me contorço é pelo meu vizinho
Que leva horas a cuidar
Das árvores e passarinhos
De seu jardim
E mal olha para mim
Ele se deita sobre a folhagem
com olhos risonhos ao céu
Fazendo silêncio para os ventos
E cigarras em escarcéu
E nunca sonhou em me deitar
Sobre um balcão de bar
E só me olha a me cuidar
Em minha imaginação
Como fosse eu flor exótica
que perfuma ao anoitecer
a cada nova estação de meu querer
E que nunca vai me colher
Nenhum comentário:
Postar um comentário