Na sala, só o corpo rijo e frio é presença
Só o corpo e alguma história levada dali.
No jardim ao redor, todos os vultos de gente
loucos para que este seja mais um fato consumido.
É insuportável a presença tanto quanto
o cheiro da vela e do incenso.
Por que tudo isso,
se dor deve mesmo é ser consumada
com um botão "publicar"?
E horas, talvez um dia, e meio milhão de olhos,
que não veem mas visualizam,
sejam o tempo necessário
de purgar esse sofrimento
de certa duração medida nas réguas ínfimas
da nanotecnologia.
Então que sufoco é esse tão cheio de intangível vazio?
Alguém sabe de alguma dor que perdure e revolva,
mas que não se fixe em entranhas
e manifeste com outra cara e nome,
geralmente, de perfil feliz?
O velório nosso é de cada dia,
enquanto a morte de verdade sucumbe ao irreal.
Que a vida nos salve e que alguma poesia se cate no ar,
porque, por dentro aqui, já quase não se respira
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