Já assisti a algumas sessões da CPI da Covid que trouxeram informações terríveis sobre o tratamento dispensado pelo Governo Bolsonaro à pandemia no território brasileiro, mas nenhuma sessão a mim me pareceu tão assustadora quanto à de hoje, em que depôs o Diretor Executivo da Prevent Senior.
Se todas as acusações forem confirmadas quanto ao modo de agir da entidade e sua parceria com o "Gabinete Paralelo do Ministério da Saúde", pode-se afirmar que estamos vivendo, sob o céu do Brasil, o mais recente experimento aos moldes nazistas de testes científicos usando cobaias humanas, sobretudo velhos, já que a Prevent tem como público mais relevante pessoas idosas.
As menções ali referidas trazem indícios tenebrosos de experimentos em humanos com o tal Kit Covid, distribuído gratuitamente e com receituário médico padronizado a qualquer ingressante nos planos da operadora de saúde, bem como a sua aplicação em doentes confirmados e internados nos hospitais credenciados.
O fato escabroso envolve suspeita de matricídio, subnotificação de mortes por COVID por fraudes em atestados de óbito e participação do Governo Bolsonaro como incentivador, ou até mentor das operações, por meio do Ministério da Saúde e seu gabinete paralelo, o que envolveu profissionais da área médica vocacionados à ascensão profissional, ganho de dinheiro e sustentação de uma tese não científica de tratamento paliativo de COVID. Estou horrorizada!
A alegação da operadora de saúde e seu Diretor é que os médicos é que eram "livres" para receitar o que quisessem, ainda que tratamentos não confirmados cientificamente, e que a responsabilidade, portanto, seria desses profissionais.
Responsabilidade.
Acho que isso é o ponto menos nevrálgico da questão, quando temos um Presidente que reafirma o tal tratamento precoce num discurso bizarro na ONU, para o mundo inteiro ouvir. (Aliás, um aparte deve ser feito: não riam do discurso, modos ou palhaçadas do Bolsonaro. Tudo ali é calculado e tem um fim, um fim posto em plena execução, que é a eliminação massiva de vidas em nome de dinheiro e poder. E quando ele o faz na ONU, de modo à vontade, ele indica que nada o deterá. Há algo muito grande por trás disso, há não?).
Pois então, há sérias suspeitas de que estamos com práticas de experimentos nazistas, em pleno século XXI, em território brasileiro.
E como se trata tudo isso que ao fim se mistura com toda patacoada estridente do chefe do governo todos os dias? Com uma cartinha dirigida a ministro do Supremo, ditada por Michel Temer ao facínora no poder, carta essa que nunca teve a intenção de aplacar a sanha assassina do ditador, mas acalmar a reação de quem devia reagir.
Ao largo dessas intrincadas manobras de politiqueiro, penso como deve ser horrível ter a doença COVID, e seu alto grau de letalidade, ir ao hospital, entregar-se em confiança a um médico de uma rede de saúde privada e este ministrar remédios experimentais em você. Consegue conceber o desamparo?
Os efeitos disso são quadros de uma degradação fisiológica inenarrável, a ver pela descrição da causa mortis no prontuário do médico Dr Wong (ferrenho defensor da cloroquina, falecido de COVID) e da mãe do empresário Hang, o Véio da Havan. Este, pelo que se noticia, não somente internou a mãe aos tais experimentos como, depois, mentirosamente, disse em redes sociais que esta morrera de COVID por NAO usar cloroquina, numa visível e fraudulenta campanha de apoio ao tratamento. Como pode?
Temos um genocídio com requinte de crueldade em andamento, uma escalada intrépida do fascismo no país e nenhuma resistência efetiva para tirar esse homem do poder; temos, ao contrário, um Lira conivente. Tudo porque, antes da vida e da nação, há os interesses pelo dinheiro, mesmo dentre os novos "arrependidos bolsonaristas". Primam pela cautela antes de tirar o bufão do poder. Como ficariam os investimentos, e se, pior, a classe operária volta ao poder? Hum! Pensemos, vamos devagar... O que são números (de mortos) se não são números (nas bolsas)?
Tudo explica o desassombro com que até o filho fedelho de Bolsonaro faz chistes de ameaça às instituições da nação; ele sabe que caminha em território firme e dominado e que nada irá lhe acontecer.
Então, aos que riem das graças tenebrosas de Bolsonaro, tendo-o por louco e/ou burro, não o façam a menos que os risonhos sejam como hienas, que riem antes de devorarem as presas numa disputa por comida, ou que sejam uns nervosos, que gargalham de medo e desespero diante do terror.
Nós, gente comum brasileira, estamos morrendo de medo, dor, angústia, desamparo e de morte matada. Não achamos graça nisso.
Maria Angélica Taciano
*(Imagem: Montagem sobre imagens do filme O Gabinete do Dr Caligari - Fotomontagem Vinícius Vieira/ Jornal da USP.)
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