terça-feira, 21 de setembro de 2021

A HARMONIA QUE NÃO QUEREMOS

Nunca estiveram tão frágeis, depois da democratização do Brasil,  as instituições de poder republicano do país.


Depois de uma clara ameaça à Democracia, por atos, mobilizações financiadas e discursos de ruptura da ordem constitucional pelo chefe do Executivo,  é muito inocente pensar que o pior foi superado só porque uma nova alvorada sem chumbo despertou no dia 08 de setembro.


Em tempos de algoritmos, é no ar que a realidade paira e até chumbo flutua. 


E trôpegos, tentando flutuar nessas ondas, porque depois do tropeço e antes da queda há sempre um voo, estamos aqui, sentindo-nos salvos nos discursos de quem nos trouxe até o estado de coisas em que vivemos.


Foi com estarrecimento democrático que ouvi nas rádios os brados do Presidente da República, em seu palanque golpista na avenida Paulista  Dos presidentes dos Tribunais Superiores ouvi, com não menor estarrecimento, os  gritos de pedido de reforço ao Legislativo, este que francamente claudica com outros discursos moderadores, que são tão inúteis quanto reveladores da conivência com perspectivas tenebrosas ao país.


Estamos definitivamente  por nós. Mas quem somos nós? 


Nem isso mais sabemos diante da volatilidade das certezas, que um dia se encolhem face às ameaças e gritos e, noutro, se agasalham sob um manto fino de que tudo não era "sério" , ao contrário, quase jocoso para estampar inúmeros "memes".(Vamos sorrir, afinal, que sorrir é remédio nessa terra doente sem outros remédios! )


Dizem que antes de toda morte há um sinal de um sopro de vida.  A Democracia no Brasil vai de sopro em sopro dando seu adeus fatal.


É de sopros que ela morre sob os tiros dos tais canhões que flutuam nos perdões, nas indignas lágrimas e desculpas, na fé de hoje em valentes que, ontem,  nos privaram de toda forma de vida, da dignidade da justiça, da proteção das leis e da Constituição.


A morte num segundo beijo de um vampiro, conhecido, assassino de Democracia, é hoje  aceita por um estranho alento que cobre o medo ou a descrença.


Nunca estiveram tão frágeis as instituições de poder republicano,  após a democratização do país, porque seus titulares de agora estão, ao fim e ao cabo, em harmonia. 


Ai de nós!

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