Morreu Denise.
Morreu aquele artista.
Morreu o velho japonês que cuidava das árvores frutíferas da praça pública.
Morreu a moça velha, que passava as tardes fincada à janela não mais esperando.
Morreu a cadela da menina acomodada ao pé da cadeira.
Póstumo é o prémio do consagrado ator.
Póstuma é a defesa de tese do índio da universidade, morto doutor,
Sucumbiu à desgraça branca. Morreu.
Morreu o chefe da família tão temerosa de assaltos e mortes
que elegeu, para sua proteção,
aquele que prometia armar os cidadãos da nação,
para se protegerem do ladrâo.
Bradou o déspota 'Morram!". Morreram.
Morrer anda na mala, na bolsa, no beijo.
É como o anúncio "Não saia de casa sem ele."
Morrer já não mais espreita,
dança escancarado na aglomeração.,
entra em casa sem convite.
Morrer está no sapato, no frasco do remédio falso.
No atraso da vacina gota em gota...
Morrer virou a vida do avesso, de bruços.
Morrer virou o mantra, que entoamos
só uma vez, para sempre.
E fim.
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