domingo, 31 de janeiro de 2021

Estrela de Domingo

 




Peço que me perdoe pelo amor

que me entregou sem cuidado

e que eu, descuidada, não soube receber

E hoje, ausente, escorre tardo

pelas linhas retas do fim do dia de domingo.


Não falo de outros domingos morosos 

que apenas adiavam nosso amor dos dias úteis 

de inúteis adeuses em meio a hálito e suor, 

estrelas liquefeitas em nossa pele


Minha escusa habita o silêncio  de hoje

 que brilha o que é de ontem

no choro suspenso na pálpebra 

fechada, que treme como seus ombros

 tremendo a dor do fim


Peço perdão porque não abri a porta

e não fui pousar as mãos sobre seu soluço

Convidar de novo a ir àquela cidade secreta

e não voltar, não voltar nunca mais os olhos 

aonde se pendurasse esta lágrima pesada


Carregada desse amor 

que você me estendeu tão sem cuidado 

e, descuidada, não tomei 

Peço perdão!


E fulge em meus olhos fechados

na lágrima suspensa

toda a constelação de Órion

como a caçadora estelar de perdido tesouro

nas noites sem perdão desses domingos sem fim



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