Peço que me perdoe pelo amor
que me entregou sem cuidado
e que eu, descuidada, não soube receber
E hoje, ausente, escorre tardo
pelas linhas retas do fim do dia de domingo.
Não falo de outros domingos morosos
que apenas adiavam nosso amor dos dias úteis
de inúteis adeuses em meio a hálito e suor,
estrelas liquefeitas em nossa pele
Minha escusa habita o silêncio de hoje
que brilha o que é de ontem
no choro suspenso na pálpebra
fechada, que treme como seus ombros
tremendo a dor do fim
Peço perdão porque não abri a porta
e não fui pousar as mãos sobre seu soluço
Convidar de novo a ir àquela cidade secreta
e não voltar, não voltar nunca mais os olhos
aonde se pendurasse esta lágrima pesada
Carregada desse amor
que você me estendeu tão sem cuidado
e, descuidada, não tomei
Peço perdão!
E fulge em meus olhos fechados
na lágrima suspensa
toda a constelação de Órion
como a caçadora estelar de perdido tesouro
nas noites sem perdão desses domingos sem fim
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