Procuro um sorriso
não um tal que venha
de minha boca coberta
e que nada revele
além de dentes descobertos
Procuro é aquele sorriso
que se expande dos olhos
escorrendo por alma e pele
reverberando da nuca aos joelhos
Que conte da saciedade
de cama bem dormida
em meu corpo acordado
depois da madrugada
de riso, gozo e vigília.
O sorriso que tenha
um som de terra e chuva
um cheiro de vida e vontade
de amanhãs e de cafés
que brilhe como a chuva
sem esconder que gostou
de sua chegada na roda
a fazer festa escondida
sob a roda de minha saia
Procuro um sorriso
que descanse minha história
no fim da longa jornada
que traga uma réstia de luz
a meu semblante fustigado
como herança de viver
Um sorriso de luz vespertina
que desenhe em minha boca
uma preguiça de rede embalando,
em seu vaivém de memórias,
tudo o que me faz, sorrindo, adormecer.
* Imagem: Foto com Frida Khalo e Chavella Vargas
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