terça-feira, 10 de novembro de 2020

CRÕNICAS DO ASFALTO

 Sesc 24 de Maio, um mergulho no corpo e alma da cidade...sem filtros.





Fui convidada a conhecer o SESC 24 de Maio, por uma entrevista de um de seus arquitetos à Rádio USP. Quando ele não soube precisar quanto se gastou na obra para responder ao entrevistador, mas quando disse que poderia falar sobre a concepção construtiva do SESC 24, baseada em manter a feição do velho prédio da Mesbla, ressaltando o traço desafiador disso, numa cidade cujo perfil é do apagamento do "velho", da não preservação da memória, de sua História e cultura, do destruir pra começar de novo, pensei comigo " ali tem poesia, tem algo revelador!". E ele poeticamente falou da visão que o prédio oferece da cidade em seu Centro, vendo de cima, pelos vãos, de toda forma, além de oferecer um local de lazer e convivência popular, em região tão carente dessas "delicadezas".
Pois assim, embarcamos no sábado para conhecer o SESC 24 de Maio, que nos abriu as cortinas para uma São Paulo despudorada, nua, mostrando sua rudeza em corpo e alma. E não há como fugir desse exorcismo, asseguro, pois que essa alma de São Paulo pode ser vista tanto pelas janelas, que mostram a cidade excludente, desigual, degradada e rica, mas sempre pulsante, e pode ser conferida na exposição sobre sua História, arte, pessoas, sentimentos...tudo se confundindo com um bocado de cimento nas estruturas construtivas dos prédios e das gentes.
É bonito, ao modo paulistano de ser bonito. E é cru, no modo paulistano de se ser triste ou feliz ou de se ser sabe-se lá o que.



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