Num filme bem despretensioso que vi ontem na Netflix, o "Viver Duas Vezes"*, o tardio apaixonado matemático faz uma descrição profundamente humana de uma pessoa, por meio da matemática. Ele diz mais ou menos assim (em minhas próprias palavras):
"a matemática é uma ciência exata, racional, lógica, totalmente previsível, até se conhecer o número "pi". "Pi" é um número misterioso, infinito, que define seu próprio caminho sem estar de acordo com convenções.
Margarida era isso, e disse-me, um dia, que números são apenas mais uma forma de expressão. Ensinou-me a magia da vida na matemática..."
É de tirar o ar, não é?!
Na língua hebraica, contou-me certa vez um amigo, os números são a representação do estágio da alma das pessoas, ora em queda (6), ora em ascensão (9), mas sempre em busca da unidade divina que é o zero. A biografia de Hawking veio desmistificar um pouco mais, para mim, a ciência exata, e, então, passei a olhar as estrelas como números que brilham e que caem como gotas de letras na nossa poesia.
Começo a crer, do alto de minhas indagações e sem muito cálculo, que existir é uma equação com um monte de letras e números, mais em busca de sorver a delícia do caminho de tentar resolvê-la com seus mais e menos elevados à potência, numa curva de xyz, do que de se chegar ao resultado e ponto final.
Sejamos, então, apenas "pi" e atravessemos nosso mar de viver dividindo, se preciso, nosso barco até com um tigre de bengala**, ajudando-nos uns aos outros sem perder nossa natureza de número ou letra, tanto faz, porque, na verdade, tudo é magia, misteriosamente, magia.
*Viver Duas Vezes; Maria Rípoli, 2019
**As Aventuras de Pi; Ang Lee, 2012
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