segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Mandamento



Não me acenda velas
porque meu amor
não é devoto e nem santo
É carne em delírio queimando
vulcões de desejos
que ao pó voltarão

Sabendo de mim, não queira
 reter-me das asas o adejo
com lágrima e manto
de madona lavada
em óleos de unção

Há águas em mim
e brotam de outras
regiões suculentas
das sedes dos homens
sempre sedentas

Nâo quero guardar
seus domingos e festas
Cumprir mandamentos
em nome do amor
jurar sacramento

Minha paixão é do mundo
é baixa e rasteja
por ruas imundas
fiel à certeza
do gozo e da dor

Seu nobre evangelho
suplícios benditos
sangrentos joelhos
em rijas alfombras
não tocam em mim

Profana, sou ave noturna
que busca a penumbra
Em noites sem fim, perdição

Sou gata em telhado,
cantora da lua
Sou anjo caído,
sou bicho pagão








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