sexta-feira, 20 de maio de 2016

Expatriados



Você diz que foi num exílio que eu fiz minha morada
E é no mundo proibido que encontro o meu sentir
Diz que ando, sem proteção, no limite do tudo ou nada
Que no vão da realidade dou o mergulho de existir

E eu então lhe digo que não é um exilado
Que sem um lugar certo  você tem todos, enfim
Que não tendo nada carrega, de fato,
Esse misterioso infinito que eu queria ter pra mim

E dá de a gente só se encontrar nesse intervalo
De um buscar o chão e o outro de deixá-lo
Desterro minhas raízes para, em voos, te alcançar
 E te encontro usando asas para aterrissar

Você diz que não tem mais para onde voltar
E eu não suporto esse espaço de ficar e ter
Desprezo meus limites a tentar te acompanhar
E vem você com planos de se estabelecer

Insisto que já gosto do que é e nada mais
Não me importo com o que está por acontecer
Mas você quer aquela que largo para trás
Só me tomando se eu for tudo o que não quero ser

Amamos assim a imagem do outro, a ilusão
cada qual à busca de seu próprio reverso
Ardemos a chama nos raros instantes de união
Num jogo de talvez ou não que é tão perverso

Quando, em sonhos, você lembra seu país
Como seria se não tivesse deixado seu chão
Penso que, talvez, você fosse mais feliz
E cá comigo sei que eu certamente não.


 (13 de Setembro de 2013)

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