quinta-feira, 12 de maio de 2016

Casa de Espelhos*








Eu detesto jogo de adivinhação.
Tão veloz e catastrófica
é  minha imaginação
quando é feita no silêncio.
Horrível não saber
se foi bom ou ruim.
Eu gosto de tempo de filme
com começo, meio e fim
num todo só.
Não sei se exagerei no blefe
ou se falhei na sedução.
Se foi demais, se foi pouco.
Não aguento essa falta de dicção!
Fala se gosta de mim,
diz se não mais me quer.
Eu não tenho paciência,
nunca fui boa nessa coisa
de deixar acontecer.
Beijei de mais ou de menos?
Não consegui convencer?
Sou feito menina,
Meu Deus, eu não cresço
e já não sou mais nenhuma menina!
A indiferença me desconcerta,
me obriga a fingir que não ligo,
quando meu foco é você.
Demora pra eu deixar prá lá.
Loba ferida, levo essa marca,
é difícil apagar.
Demora pra eu voltar a ser
aquela luz radiante,
fêmea fascinante
de fazer macho endoidecer.
Me acho horrível, não me vejo
Começo a pensar de forma lógica.
Terá sido falta de química
ou desconexão biológica?
Que loucura!
Terá sido choque de cultura?
E tudo o que, de fato, incomoda
é porque resistiu aos meus apelos.
Vai passar, vai doer.
até  se embevecer outro cavalheiro.
Aí então eu esqueço (quase)
e já vejo outra deusa no espelho.



*Canção para Francisca








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