Estagno dentro de meu carro,
O que chamo de meu pequeno universo
Sem coragem de descer àquele lugar
Ao qual costumam chamar lar
Não sei ao certo quando perdi a hora de sair e de entrar
Neste estado de não ser consciente
O que antes era o mesmo
Mas inconsciente
Um adeus a não sei quê
Tudo em mim foi efêmero
Constante, esse estranhamento do ordinário da vida
Ao redor dos dias, das praças e seus canteiros recortados
E os amores, o cachorro e o carro... E dentro deste, meu refúgio
Não vejo nada que me diga respeito
Estou em estado avançado
De evaporação
Não quero pensar
Ótimo! Sempre quis ser vento
(Vento no deserto em redemoinhos na areia)
O tempo
Talvez se eu dormisse e acordasse não sendo eu
Mundo novo?
E pouso meu olhar, estranho, sobre as coisas
Espantada como um bebê vindo à vida
Não consigo me conectar
Tentando em vão me agarrar a um cordão umbilical
Que flamula ao ar como bandeira
Num país que desconheço
Não nasci de ventre de mãe?
A não ser, em mim, há esta mulher
Que passa ao largo das coisas
Olha de longe e vem como miragem derretida
Em seu passo sinuoso de promessas
E se desfaz num sopro morno de ausência
E de despedida
A despedida
Esta já me é nascida no encontro
No contato que, de medo, se adia
E dói mais em mim
Fica.
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