quarta-feira, 24 de abril de 2024

Tive dó

 



Eu tive dó 

Da mulher condenada pela lente

Ao banco dos réus 

Por  um juízo de "lives"

Que nada tem a ver com vidas 


Morto, a propósito, o velho 

Outra vez, no velho Banco 

Teve de novo negado 

Como na vida

Seu último pedido de socorro


Tive dó do velho morto 

Exposto ao escárnio 

Dos que, pior que ele, mortos já são 

E que não têm de bancos senão 

Dívida e expropriação 

Mas se preocupam se o Banco

perde aos mortos um seu milhão


E da mulher, mais sábia que eles

Que já não distingue morte e vida

Tive dó


 Tenho dó 

De todos nós à deriva

De todos em busca de algo

 E de alguns tostões de atenção 

Mortos à própria sorte

Vagando feito vivos 


E tão vivos , por outro lado

O Banco e homens de toga

Ninguém duvida

Juízes a condenarem à morte um país 


Mas sem lentes para os julgar 

Nem olhos para ver ou entender

O mútuo que fazem com a vida de todos

Com suas palavras em azeite


O velho

Embalsamado só na vergonha, 

Tanto humilhado na vida

Implora ao banco um último respiro

Quem sabe a salvar a filha

Aquela que sem saber

Não mais podia distinguir a morte e a vida

E muito antes dele jazia.


Tive dó 


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