Eu tive dó
Da mulher condenada pela lente
Ao banco dos réus
Por um juízo de "lives"
Que nada tem a ver com vidas
Morto, a propósito, o velho
Outra vez, no velho Banco
Teve de novo negado
Como na vida
Seu último pedido de socorro
Tive dó do velho morto
Exposto ao escárnio
Dos que, pior que ele, mortos já são
E que não têm de bancos senão
Dívida e expropriação
Mas se preocupam se o Banco
perde aos mortos um seu milhão
E da mulher, mais sábia que eles
Que já não distingue morte e vida
Tive dó
Tenho dó
De todos nós à deriva
De todos em busca de algo
E de alguns tostões de atenção
Mortos à própria sorte
Vagando feito vivos
E tão vivos , por outro lado
O Banco e homens de toga
Ninguém duvida
Juízes a condenarem à morte um país
Mas sem lentes para os julgar
Nem olhos para ver ou entender
O mútuo que fazem com a vida de todos
Com suas palavras em azeite
O velho
Embalsamado só na vergonha,
Tanto humilhado na vida
Implora ao banco um último respiro
Quem sabe a salvar a filha
Aquela que sem saber
Não mais podia distinguir a morte e a vida
E muito antes dele jazia.
Tive dó
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