domingo, 20 de setembro de 2020

Compassos












Tento enfiar-me nessa roupa

Que não me cabe  e me aperta

Me aperta os passos e cadência

Numa constante frequência

Descompassada de meu poema


Essa roupa não minha 

tão cheia de rotina precisa

No meu corpo sem horários e prazos 

molambo bordado de histórias

havidas nos segundos


Ávidas, ávidas, ávidas

histórias dentro de mim 

sem relógios, sem métricas

sem precisão, sem propósitos

sem hora de começo e fim


E me ponho, não sei, nessa roupa

Dessa uma  provisória

Tão estranha nesse espelho

pousado sobre o joelho

e vazio daquela que fui


Meu joelho  que se mostra 

Sem a roupa da que foi embora

Pelo mundo em que eu vivia 

E  pelas razões que  já não há 

em minha desarranjada poesia


Nua à janela espero e ajeito

 a métrica de meu tempo 

tocando-o para a frente

até a outra voltar

a trazer-me poema e vida

ou quem sabe o tal mundo 

com as razões de ficar.











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