Que não me cabe e me aperta
Me aperta os passos e cadência
Numa constante frequência
Descompassada de meu poema
Essa roupa não minha
tão cheia de rotina precisa
No meu corpo sem horários e prazos
molambo bordado de histórias
havidas nos segundos
Ávidas, ávidas, ávidas
histórias dentro de mim
sem relógios, sem métricas
sem precisão, sem propósitos
sem hora de começo e fim
E me ponho, não sei, nessa roupa
Dessa uma provisória
Tão estranha nesse espelho
pousado sobre o joelho
e vazio daquela que fui
Meu joelho que se mostra
Sem a roupa da que foi embora
Pelo mundo em que eu vivia
E pelas razões que já não há
em minha desarranjada poesia
Nua à janela espero e ajeito
a métrica de meu tempo
tocando-o para a frente
até a outra voltar
a trazer-me poema e vida
ou quem sabe o tal mundo
com as razões de ficar.
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