quinta-feira, 10 de março de 2022

O Parto

    


    






Eu preciso que saiba que não está só. 
Não está só nesta angústia e neste espanto. 

Como semente que se contorce
da sombra da terra para a luz, 
estamos estupefatos com este fulgor. 
Doemos. 

É duro, eu sei, lidar com o encontro de uma busca. 
Estou sem fôlego, sem ar, sem sono. 

Como tratar, tão de repente, esta não solidão que a vida oferece?  
Deixamos de ser sós, aquela solidão que nos acompanhou pela estrada.

A emoção dessa epifania transborda. 
Afogamos como numa onda que inunda uma cidade. 
Ah! Sem fôlego, sem ar, sem sono...

Eu estou embriagada de medo como você. 
Sabemos que é mútuo e único o caminho de verdades a descoberto.
Como trilhá-lo? Como resistir a deixar de trilhá-lo?
Sem fôlego! 

Venha! Fujamos de medo 
para não por na língua tal doçura fácil
que desconhecemos!

O nosso sofrimento é o êxtase, 
o êxtase insuportável desta quase insuportável alegria. 
E até isso teremos de aprender
aprender a viver com a alegria. 

É isso: nossa dor é este êxtase de parir esta alegria.

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