sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Tua Cantiga e o Zepelin Prateado

Recentemente alguns debates andam bem incompreensíveis. Primeiro, o repúdio à canção do Chico, a "Tua Cantiga". Depois, a discussão da esquerda e direita sobre a não paternidade do nazismo,

De um lado, a poesia pisoteada pelo policamente correto, pela interpretação literal, pobre, pela superfície. Tantas dores, realmente, vão nos tirando a delicadeza dos sentimentos, a reentrância dos sentidos das palavras e do sentir.. De outro, a análise aprofundada, tratando o fato concreto como uma abstração. A sutil canção doendo mais do que os urros de violentas ameaças de uma passeata declaradamente nazista nos EUA.

Tempos estranhos de ausentes interpretações ou de muitas interpretações desatreladas de ações.
Os canhões da moral estão mesmo fumegantes.

Em seu lado conservador usam as palavras como um o verso antes da agressão, o estalo antes da bala lançada. O Zepelin prateado não vem entre nuvens frias e não recua diante do encantamento de uma mulher perdida.

Em seu lado dito progressista, apontam sua boca para paixões proibidas por uma outra moral que condena a possibilidade de múltiplos amores, transportando para o discurso sociopolítico toda a complexidade da individualidade humana, de suas dúvidas e receios, dos sentidos múltiplos da arte e da poesia, que raramente, numa liturgia panfletária, têm visitado nossa existência real tanto quanto nossos sonhos.

De um lado e de outro, ai de quem resiste! Taca pedra na Geni.

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