Não é de roupas que
eu me dispo
O que me faz nua é a
minha história,
verdade meio duvidosa
de crenças que
carrego,
o meu medo de fantasma
e do atraso de minhas regras.
A minha nudez
escancara (sem vergonha)
a minha coragem
e a insegurança infinita
e a insegurança infinita
de ter feito alguma
coisa errada
e ficar pensando mil
modos
de sobreviver depois
das perdas
Já meu nu não tão exposto
anda muito além do
que mostra,
vem de uma louca
mistura,
de dores, alegria, revolta
Tem a força das
grandes lutas
e a fragilidade da derrota.
Eu confesso que sou
nua,
se estou cambaleante,
à beira do precipício,
por um amor, uma dose
a mais
de whisky,
de whisky,
porque o telefone não
tocou.
Sou nua no desespero
assumido,
assumido,
no feminino da
insensatez,
nua na teimosia
de
começar tudo
outra vez.
outra vez.
Não é de roupas que eu me dispo,
se quer mesmo minha nudez.
Ela não se faz de despojos
de saias, meias, sapatos,
de saias, meias, sapatos,
calcinha,
corpo lasso na cama.Para ter minha nudez
sem segredo
há de ter uma certa empatia,
ser meio fêmea pelo
avesso.
Seguir, mesmo com medo,
por ruas desconhecidas.
Então, ainda uma vez, eu lhe mostro:
não é de roupas que eu me dispo.
Apenas sem roupa,
sou apenas uma mulher
sem roupa,
que depois que ama se
veste,
fecha a porta e vai.
Esquece.
Esquece.
A nudez mais corajosa é a que voce se propos a expor. Linda, corajosa, bela poesia.
ResponderExcluirObrigada!
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