Ando com uma estranha saudade de
mim. Não é aquela saudade de alguém que se tenha conhecido e convivido e que,
agora, lhe falta. Não. É aquela saudade nostálgica daquilo que sequer se viu.
Como a saudade de uma história não lida que alguém só comentou.
Nunca senti que eu tenha
realmente existido. A mulher dentro de mim assistia ao desempenho de outras
mulheres – sim, no plural, porque eram, às vezes, várias a cada época.

Agora a mulher de fora se
rompeu e, aos poucos, como uma infiltração que se alastra, vem à tona a mulher
de dentro.
E como ser assim tão nua?
Como será essa mulher, sem defesa, sob os efeitos das reações externas?
Maria Angélica vai-se mudar,
vai ficar solta no mundo...
E vai haver o tempo de olhar
no espelho e constatar a imensa e inexorável verdade: não, Maria Angélica não
mora mais aqui.
* Referência à banda de rock da Vila Madalena SP de mesmo
nome e que fez algum sucesso, nos anos 80.
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