quarta-feira, 27 de abril de 2022

Ela não escreve poemas

 Ela não escreve poemas

Faz algazarra com palavras

que não entendem 

o que ela sente









Todos os Dias

 Todos os dias, 

ao ouvir o giro da chave na fechadura,

Esperava que chegasse o seu homem

Mas sempre era apenas o marido 

quem cruzava aquela porta.







Como Acordada

 






Esta noite sonhei com você
sem você estar no sonho
Como acordada, no sonho,
estava você em mim

Era Paris, num teatro flutuante,
risos em bocas, malabares,
fotografias, pompons, cetins

Como fomos você e eu
nos dias, acordados, sem Paris

Em Paris você estava, no sonho,
apenas na minha espera por você
E percorria lugares que não sei

Como os lugares por que anda
e, acordada, também não sei

Em Paris, ou no sonho, nos teatros flutuantes
em meio aos pompons, malabares e cetins
(ou nos lugares que não sei),
como acordada, você não está
senão em mim