quinta-feira, 18 de junho de 2020

Imagens

Esse encantamento
de Narciso
homens petrificados
pelo maldito espelho

Quando borboletas
apenas estão a voar
pondo cores
e luzes aladas no ar

Asas longínquas
ruflando repetido eco
a surda flor
deixada no lugar


segunda-feira, 8 de junho de 2020

A lua quieta


A lua quieta lá de cima
 ilumina minha rede
 quieta

Quieta a lua
 aqui embaixo
 lá de cima faz revolução







Ressaca






Uma garrafa na praia de minha ilha... Eu já tão acostumada a lançar minhas garrafas na tranquilidade da quase certeza de que nunca serão encontradas, surpreendo-me com uma garrafa estacionada na minha praia.
Minha eterna dúvida de tudo questiona se essa garrafa, de fato, deveria estar nas franjas das águas de minha ilha. E eu tenho nas mãos, incrédula, essa garrafa com uma mensagem em seu interior e não sei se devo abri-la sem saber o que ela traz...ou pode levar de mim...
Por que o mar de meu destino me desinquieta, me tira do estado do meu solitário labor de apenas lançar garrafas?
Seria covardia ou nobreza minha lançá-la de novo ao mar a encontrar, talvez, seu verdadeiro curso ou pouso melhor? E o meu destino, continuaria o mesmo?
Veio-me uma garrafa e eu, até então dona de minha ilha e dos desígnios incertos de minhas próprias garrafas ao mar, trago às mãos uma garrafa estrangeira e não sei o que fazer.
Olho o mar...


Conversando com Bukowski




- O amor é como um dodecaedro espelhado dentro de uma caixa também espelhada.

-Dodecaedro?

-Aquele lustre espelhado de boates, bailes, que emite brilhos multicoloridos nas pistas de dança...

-Ah! - disse ela com um ar pensativo. Depois completou, convicta:  - Lindo, louco e fantasioso, mas no fim, nada além de uma bola de espelho que só tem graça no escuro e com poucas luzes

(Maria Taciano)