não era ver as imagens
do lado outro da janela,
junto com a de seu rosto refletido,
dissolverem-se à velocidade do trem
nas estações passageiras.
Nem a ideia da frieza
das roldanas a esmagar
carne contra trilho,
consumando a razão
antes do passo
dessa descorajada Karenina.
Seguia com outra dor;
dentro do vagão,
corpo íntegro e
alma desabrigada.
Olhos vazios fitos
no cheio de fora.
E uma preguiça de doer os ossos
na locomotiva de viver,
que prosseguia...
Doía-lhe era a dor
que lhe ficava,
não sentida pelo ausente
e pela ausência
alimentada.
Doía-lhe saber que
essa dor exclusiva
não lhe garantiria
a dose balsâmica
do remédio da solidão.
Ficaria:
como companheira na vida.
Seguiria:
como companheira na morte.