quarta-feira, 20 de abril de 2016

Bela do Mundo

Era  a menina a quem ensinavam recato
Apontando que toda mocinha de bem
Anda de saias compridas, joelho fechado
Baixa os olhos, não dá sorriso a ninguém

Depois,  com lampejos de moça florescida,
a mãe lhe ensinou amorosos segredos
De saber conter os desejos e a vida
Bem presos, sem pulsar, entre os seus medos

Diante de mundo vasto e severino
Tão longe do que  lhe fizeram imaginar
Seguir segura na certeza de pronto destino
Ou pela culpa de um duvidoso destino a gerar

Escolha feita, então mulher com olhos de fogo
E fogo na alma e calor entre a perna
Ardia em ser dona da regra do jogo
Levando tão pouco da herança materna

Num mundo de homens, ela subverteu
Tendo, mais que seu corpo, o perigo da opinião
Se fez senhora de todo querer, agora seu
Filha gestada de três fêmeas: liberdade, coragem e solidão.







Imagem : Annie Peaker

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