Com X houve um tempo de perfeição
que se foi com a paixão perdida
Restou apenas um prazer
feito de ternura, corpo e memória
Dança diáfana de luxúria,
sendo de apenas um
o resgate de uma história
Ele não notava: ela não estava ali.
Com Y, homem socialmente enquadrado,
o sexo era forte
de macho esfomeado.
Ele a penetrava com vigor
Ela lhe entregava os gemidos
Papéis cumpridos.
Ambos sabiam: ela não
estava ali.
Com W o prazer era quase autêntico
feito de anos e poucas certezas
A carne trêmula, o corpo em exaustão,
amor devotado oferecido em bandeja
Ora ela se servia, ora não
Um deles percebia: ela nem sempre estava ali.
Com Z, por fim, sempre o desencanto
naquilo em que se buscava emoção.
Como flor que refloresce
na mesma estação,
ela se abria,
semeando, extenuada, a sua poesia.
Ela sempre esquecia: ele nunca estava ali.
Quão incógnitas são as letras
da matemática da vida crua e nua
Pois se com letras só escrever se devia...
Fez, então, aquilo que mais sabia
E, ainda uma vez,
sem
pudor,
reescreveu o amor
Muito bom!
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